A grande maioria das pessoas presta atenção redobrada para sua saúde e tão breve quanto possível preocupam-se em melhorar o seu bem-estar físico, quando este sofre algum abalo. Agasalhamo-nos quando sentimos frio, aplicamos pomadas antibacterianas e ligaduras para cortes e arranhões, e não cutucamos as crostas para nos curarmos mais rapidamente. Muitos de nós temos as mesmas precauções relativamente às feridas psicológicas ou dor emocional, mas provavelmente somos muito menos pró-ativos em proteger o nosso bem-estar psicológico, comparativamente ao nosso bem-estar físico. Adotando os sete hábitos seguintes e “tratamento” das feridas psicológicas comuns quando estas ocorrem, irá ajudá-lo a proteger a sua saúde psicológica e melhorar a sua resiliência emocional.
1. Ganhe controle após uma falha ou fracasso
A falha distorce as nossas perceções de tal forma que os nossos objetivos parecem fora do nosso alcance e as nossas capacidades parecem ficar aquém da tarefa em mãos. Quando nos sentimos como se houvesse pouco que pudéssemos fazer para alcançar o que desejamos, tendemos a ficar desmoralizados e perder a nossa motivação.
Adote o hábito de relativizar essa reação “enganosa” à falha ou fracasso e faça uma lista dos vários fatores relacionados ao seu objetivo que estão sob o seu controle (por exemplo, o esforço, preparação, planejamento, diferentes abordagens que você poderia ter tomado, entre outros). Então, pense naquilo que você pode fazer para melhorar cada um desses fatores. Fazer isso não vai apenas combater os equívocos derrotistas (criados pela ilusão de incapacidade perante o fracasso), irá melhorar também as suas chances de sucesso no futuro.
2. Encontre sentido na perda e trauma
Um dos principais fatores que distinguem aqueles que prosperam emocionalmente depois de experimentar perda ou trauma daqueles que não o fazem, é a sua capacidade para encontrarem significado nas suas experiências e construir um novo propósito a partir delas. Claro, isso leva tempo, assim como o processo de luto e adaptação às novas realidades. No entanto, adotando o hábito de procura de maneiras de reconhecer não apenas o que você perdeu, mas o que você ganhou, assim, permitirá desenvolver novas apreciações para a sua vida, eventualmente fazer mudanças importantes, e encontrar novos valores, significado e propósito, mesmo que você não os tivesse estabelecido anteriormente.
3. Interrompa a preocupação excessiva e ruminação
Quando pensamos excessivamente sobre eventos perturbadores raramente obtemos uma visão esclarecedora sobre eles. Em vez disso, tendemos a reproduzir cenários catastróficos ou angustiantes nas nossas cabeças, o que só aumenta o impulso para ruminar sobre o assunto, fazendo-nos sentir pior (saiba mais sobre o assunto adquirindo a minha palestra em vídeo: Como libertar-se da preocupação excessiva).
Portanto, apesar de quão convincente possa parecer a necessidade de ruminar sobre os assuntos perturbadores, adote o hábito de interromper o ciclo da preocupação excessiva, assim que você se pegar ruminando sobre os acontecimentos em questão. A melhor maneira de fazer isso é utilizar o próprio evento perturbador como um alerta de que você entrou no processo de ruminação, em seguida, foque a sua atenção num estímulo neutro, como por exemplo a sua respiração, deixe-se ficar com ela durante alguns minutos, e depois foque a sua atenção no processo racional de lidar com a situação, adotando uma perspectiva construtiva e positiva de lidar com o assunto.
4. Cuide da sua autoestima
Quando enfrentamos problemas na vida, por vezes a nossa autoestima tende a diminuir, colocando-nos numa posição desvantajosa para lidar com as situações que enfrentamos. Muitos de nós tornamo-nos autocríticos quando nos sentimos mal, denegrindo ainda mais a nossa autoimagem quando ela já está para baixo. Para melhorar a sua saúde mental, adote o hábito de considerar a sua autoestima como um “sistema imunológico emocional” que precisa ser alimentada saudavelmente quando você está lidando com algumas feridas psicológicas. Para ler mais sobre este assunto: Clique Aqui
Uma das forma eficazes de “curar” a baixa autoestima é a prática de autocompaixão. Quando você tem pensamentos autocríticos, considere o que você faria se um amigo chegado tivesse enfrentado um problema semelhante. Escreva um email para você mesmo explicando o você diria a ele se quisesse expressar compaixão e apoio. Em seguida, leia o e-mail como se tivesse sido enviado para você.
5. Relembre-se do seu valor e força após uma rejeição ou decepção
A rejeição pode ser muito dolorosa, principalmente se a pessoa procurar dar sentido à sua dor emocional tentando encontrar falhas ou defeitos em si mesmo. Ao entrar num raciocínio do tipo: “Se dói tanto é porque devo ser fraco, patético, um perdedor e indigno.”, a pessoa fica presa a uma resposta por impulso, provavelmente porque acostumou-se a autopunir-se.
A melhor maneira de aliviar a dor emocional é relembrar-se do seu valor pessoal após uma rejeição e adotar o hábito de afirmar os aspetos valorativos de si mesmo, ou seja, as qualidades que você possui e que são significativas para a sua vida (por exemplo, lealdade, compaixão, criatividade, ou um forte impulso para cuidar dos outros). Faça uma lista de tais atributos, em seguida escolha dois ou três e escreva um pequeno texto sobre as razões que levam a que essas qualidades sejam importante para você.
6. Combata a solidão identificando comportamentos autodestrutivos
A solidão crónica é muito mais comum do que possamos pensar, e tem um impacto devastador sobre a nossa saúde física e emocional. O problema é que uma vez que nos sintamos sós, muitas vezes agimos de forma a minimizar o risco de enfrentarmos mais rejeição, e sem termos consciência do mal que possamos estar fazendo a nós mesmos, evitamos socializar ou abandonamos relações antigas, promovendo assim comportamentos autodestrutivos.
A melhor maneira de combater a solidão é adotar o hábito de identificar e desafiar estes comportamentos autodestrutivos. Faça uma lista de desculpas que você usou para evitar a iniciativa de promover situações sociais (por exemplo: “Eu não conheço ninguém na festa, então porque ir? Eles não me chamam para participar da conversa, porque eu deveria chamá-los? Eles estão provavelmente demasiado ocupados para se encontrarem comigo. Eu não posso simplesmente apresentar-me a um estranho numa festa).”
Agora faça uma outra lista contendo as pessoas cuja companhia você tenha gostado no passado (vá até a sua lista telefónica, amigos do Facebook, e-mail e contatos) e entre em contato com uma ou duas dessas pessoas a cada dia, para iniciar os planos de saída até que o seu calendário social fique cheio. Desafie-se a evitar o uso de desculpas da sua lista oficial de desculpas, quando você se sentir ansioso.
7. Abandone a culpa excessiva reparando relacionamentos danificados
A culpa excessiva ocorre quando as nossas ações ou omissões prejudicaram outra pessoa (na maioria das vezes um amigo ou parente) que não tem nos perdoado por nossos erros. Tais situações geralmente têm mais a ver com as insuficiências das nossas desculpas do que com a incapacidade da outra pessoa para “deixar ir” a sua mágoa. Na verdade, o ingrediente crucial que um pedido de desculpas eficaz precisa, aquele que na maioria das vezes não realizamos, é a empatia.
Para aumentar as probabilidades da outra pessoa realmente perdoar, adote o hábito de apresentar um pedido de desculpas efetivo quando você fez algo de errado. Para fazê-lo, certifique-se que a outra pessoa entende o seu diálogo e sente que você está a ser inteiramente sincero. Uma vez que você expresse empatia adequada, a outra pessoa fica muito mais propensa a sentir o seu pedido de desculpas como sincero, ficando mais suscetível ao perdão.
Para saber mais sobre os hábitos que vão melhorar a sua resiliência emocional e fortalecer a sua saúde psicológica, confira o meu livro: Como Mudar a sua Vida para Melhor
Abraço,
Miguel Lucas
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